NO PARAÍSO, FALA-SE FRANCÊS
Esperei
muitos anos para fazer esta viagem, um sonho antigo. Finalmente,
o dia havia chegado e eu, com a minha mulher, Claudia, partíamos para Los
Angeles, última parada antes de Papeete, na Ilha do Tahiti, integrante do
arquipélago conhecido como Polinésia Francesa, no Pacífico Sul (curiosamente, a
ilha cujo nome é o apelido de toda a região, é a menos visitada, com menos
atrativos que as demais).
Tamanha era
a expectativa, que eu temia a frustração de encontrar uma realidade não tão
espetacular quanto a imagem construída pela minha imaginação. Os meus
temores duraram o tempo de voo até Papeete, oito horas. Logo ficou claríssimo
que os cartões postais da região, estes sim, não faziam jus à escandalosa
beleza local.
A bordo do
Paul Gauguin, um pequeno e charmosíssimo navio para 340 passageiros, zarpamos
para o cruzeiro de 10 dias pelas ilhas de Huahine, Bora Bora, Rangiroa, Fakarawa, Taha e Moorea, terminando outra vez em Tahiti. Para
começar, este cruzeiro nada tem a ver com as minhas quatro experiências
anteriores, em navios maiores, pelo Caribe, duas vezes, Patagônia e Alaska,
embora algumas dessas viagens tenham sido muito boas. A proposta do Paul
Gauguin privilegia conforto, requinte,
tranquilidade, individualidade e qualidade dos serviços prestados para os
passageiros, deixando para estes a única e deliciosa tarefa de aproveitar cada
momento do cruzeiro. Destaque para as cabines (quase todas com varanda), o atendimento
de bordo, a excelência da gastronomia e o sistema “all inclusive”, que funciona
de verdade – nas bebidas, então, um show de boas marcas e drinks exóticos, full
time – exceção apenas para os produtos comprados na butique de bordo.
Em regra, o
navio se desloca somente durante a noite, amanhecendo nas ilhas de destino,
onde permanece por um ou dois dias, sempre ao largo. Lanchas confortáveis,
chamadas de tenders, em viagens de não mais que 15 minutos de duração, levam e
trazem os passageiros, em intervalos de meia hora. Uma vez em
terra, o passageiro pode optar por um dos muitos passeios oferecidos pelo navio
– que eu sugiro, sejam pré-agendados, antes do início da viagem – e pagos à
parte, ou ficar por sua própria conta, alugando um carro, scooter ou bicicleta,
disponíveis em todas as ilhas, por preços acessíveis, ou simplesmente
caminhando.
Em comum, as
ilhas têm praias e recantos lindíssimos, com águas transparentes e incontáveis
tons de azul. Na maior parte, o banho de mar é livre e encontra-se por perto,
comidinhas e bebidinhas, servidas na areia. Os resorts de luxo, onipresentes e
ocupando os trechos mais bonitos do litoral das ilhas, também são acessíveis,
bastando que se consuma alguma coisa dos seus bares e restaurantes. Uma cerveja
resolve.
Em todos os
momentos recomenda-se levar os apetrechos para a prática do snorkel, fornecido
gratuitamente pelo navio, logo no primeiro dia de viagem. São inúmeros os
locais propícios a mergulhos, repletos de vida marinha e corais coloridos. Se você
pratica scuba diving – mergulho com cilindro de ar – vai encontrar no navio
toda a parafernália necessária, e ainda saídas diárias para mergulhos nos
melhores lugares do mundo, segundo os especialistas. De quebra, o navio oferece
aulas para iniciantes, habilitando-os a mergulhos de pequena profundidade.
Dos passeios
vendidos previamente, são imperdíveis o “Under Water Walk”, disponível em Bora
Bora e Moorea, e o “Mini Submarine”, apenas em Bora Bora. Saiba mais sobre
estas e outras sugestões, no site da PG Cruises. Mas o melhor
programa mesmo na Polinésia é abrir bem os olhos e deslumbrar-se, o tempo todo,
com as paisagens mais extraordinárias que eu jamais vi (e olha que eu já andei
um bocado por esse mundo!). Não apenas
do mar e das praias, mas do perfil montanhoso das ilhas, a vegetação
incrivelmente variada e exuberante, os pores de Sol mágicos, todas as tardes e,
não menos importante, a beleza das mulheres polinésias, dançarinas naturalmente
dotadas de grande leveza e sensualidade. Um grupo delas faz parte da tripulação
do navio: são as Gauguines, sempre presentes no dia-a-dia de bordo, dançando,
cantando, entretendo e orientando os passageiros. E, antes que eu me esqueça, o
povo polinésio é muito hospitaleiro, recebendo os visitantes com carinho e
alegria.
Para terminar,
vale dizer que a língua oficial da região é o francês, embora quase todos
arranhem o inglês, suficiente para dar informações e vender pérolas negras e pareôs,
os produtos mais famosos do arquipélago, encontrados em todas as ilhas. A moeda
corrente é franco polinésio – FP – mas euro e dólar são aceitos em qualquer
lugar (1 euro compra 115 francos polinésios, ou comprava, até a semana
passada).
De resto,
meus amigos, é insistir que vocês programem essa viagem. Não encontrei outro
meio mais prático, completo e barato de realiza-la, do que através de um dos
cruzeiros do Paul Gauguin. Numa segunda vez – e eu pretendo que haja uma
segunda vez – meus planos incluem uma semana em Moorea, a ilha mais bonita e
charmosa de todas, na minha opinião.
Mas para uma
primeira visita ao paraíso, vale mais uma visão geral do arquipélago, como
os
cruzeiros propiciam.
A todos, boa
viagem!!
Paulo Eboli
DICAS DO PAULO:
PS1 – Há duas
maneiras de se chegar à Papeete: Pela Lan Chile, via Santiago, com escala na
Ilha da Páscoa (um voo semanal – 11 horas de voo mais 2 horas na escala) ou
pela Air Tahiti, partindo de Los Angeles, sem escalas (voos diários – 8 horas
de voo).
PS2 – Todas
as informações sobre os cruzeiros no site www.pgcruises.com
PS3 – Minha
viagem foi organizada e comprada – incluindo hotéis e voos – pela Aloha
Turismo, com a Tania Cesonis – telefone 21- 2239-7563.
PS4 – Os
bons hotéis, nas ilhas, são muito caros, nada menos que 400 a 500 Euros as
diárias mais baratas. Nesse aspecto, ficar hospedado no navio, além do
conforto, é bem mais econômico.
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